18 de junho de 2024

Dia do Orgulho Autista – Entenda a importância dessa data

O Dia do Orgulho Autista é celebrado anualmente em 18 de junho. A data foi criada em 2005 pelo grupo Aspies For Freedom, uma fundação organizada por autistas para promover o orgulho autista e combater a discriminação contra pessoas no espectro autista, em busca de uma identidade autista vivida com orgulho.

Esse movimento enfatiza a ideia de que o autismo não é algo que possa ser curado, mas sim uma forma diferente de ser, com suas próprias vantagens e desafios.

Os movimentos da neurodiversidade.

A favor ou contra os grupos pró- ou anticura, ambos têm suas razões. Os primeiros ao criticar as políticas identitárias agressivas praticadas por ativistas radicais do movimento autista que pretendem falar em nome de todos os autistas. Os ativistas autistas são frequentemente autistas de “alto funcionamento”, geralmente Aspergers, que se outorgam o direito de manifestar-se em nome de todos os autistas, o que causa irritação dos pais de filhos autistas de “baixo funcionamento” com grave retardo físico. Obviamente, seria hipocrisia subsumir todas as formas de autismo ao “alto funcionamento”, para depois dizer que autismo é um estilo de vida.

O movimento da neurodiversidade é minoritário dentro do espectro total do autismo. Muitos autistas não possuem nem a capacidade cognitiva de falar nem de dizer o que pensam ou sentem, quanto menos de se organizar política e comunitariamente.

Os ativistas autistas, por sua vez, têm suas razões ao temer políticas igualmente agressivas que incluam testes genéticos que possibilitem abortar fetos autistas, bem como a imposição de ideais e padrões de normalidade cerebral, que redundem em terapias e obrigação de serem “curados”. Se o autismo é um espectro, não pode ser tratado como uma entidade nosológica fechada. Seu alcance e limites exigem uma constante negociação pública. Qualquer decisão acerca de um ponto de corte ao longo do espectro do transtorno autista será sempre arbitrária, resultado de interesses e lobbies de determinados grupos.

Ou, porventura, acreditamos que existem critérios objetivos que permitam estabelecer um ponto de corte no espectro a partir do qual os indivíduos possuiriam ou não uma “teoria da mente” ou as “condições de ‘personalidade'” (selfhood), e assim tomar decisões objetivas acerca da imposição de terapias ou testes genéticos (no caso dos fetos), ou que possibilitassem atribuir aos indivíduos uma autonomia e responsabilidade pelas suas ações?

Por Sandra Paro

Compartilhar

Deixe um comentário

Sobre o(a) autor(a)
Sandra Paro

Sandra Paro

Sandra Paro é mãe, professora, estudiosa, idealizadora da ABA+, analista do comportamento, consultora de recursos terapêuticos, corajosa, disciplinada e ensaísta para o ABA+
Produtos em destaque
Últimos artigos adicionados