25 de outubro de 2023

A construção das competências socioemocionais começa na família

Pode parecer complicado falar em competências socioemocionais em países cujo desenvolvimento ainda enfrenta problemas como saneamento básico, violência, escolas públicas com déficit de aprendizagem, em especial altos índices de analfabetismo funcional, condições de ensino desvalorizadas e poder público envolvido em corrupção. Sim, o Brasil está na lista dos menos qualificados.

As questões socioeconômicas não nos deixam progredir no refinamento da educação, a desigualdade social não é aplacada e a inclusão ainda é “discutida”, nem sempre aplicada. Mas temos que mirar em ciência, educação e práticas melhores. Como sociedade devemos discutir, debater o que não está acontecendo e nos empenhar em levar a informação e talvez com empenho plantar sementes que frutificarão.

Apesar disso, entendemos que o crescimento socioemocional vem das primeiras experiências com a família e leva tempo. Família, cuidadores, colegas, professores têm um grande impacto no desenvolvimento social e emocional e o que vivemos, nossas experiências de vida, também nos moldam social e emocionalmente.

 

Essas competências são essenciais para se conectar com os outros! Elas ajudam a gerenciar as nossas emoções, construir relacionamentos saudáveis e praticar a empatia.

O desenvolvimento socioemocional começa cedo, os bebês interagem desde o seu nascimento com seus cuidadores e desenvolvem a compreensão dos sentimentos. Os pais impactam a vida de seus filhos cultivando essas habilidades, relacionamentos saudáveis com amigos e familiares. Ao sentirem-se seguros em casa e na presença dos pais eles começam a ter confiança, desenvolver comunicação, aprendem a sentir empatia e responder às emoções dos outros.

Crianças com inteligência emocional, habilidades socioemocionais têm maiores chances de ter sucesso na escola, no trabalho e na vida. Ao fazer e manter amizades, ganhar confiança, ao resolver conflitos, ao gerenciar seu estresse e ansiedade, no aprendizado de normas sociais, na tomada de decisões apropriadas, no reconhecimento de pontos fortes e fracos, na consciência do que está sentindo e do que os outros estão sentindo.

O desenvolvimento socioemocional adequado na primeira infância está relacionado, segundo estudos aos ao melhor desenvolvimento na forma de se expressar, no pensamento e nas habilidades sociais, uma melhor adaptação ao ambiente pré-escolar: desempenho acadêmico, cooperação com os pares e relações interpessoais. Constando ainda, menos problemas comportamentais relacionados a hiperatividade, agressividade, padrões de atenção e isolamento social.

Os pais podem e devem ajudar a estabelecer esse desenvolvimento emocional incentivando as crianças a experimentar coisas novas e aprender o que são capazes, descobrir suas habilidades em algo; usar histórias para conversar com as crianças sobre diferentes situações sociais, exemplos seus e de outros para entenderem como as pessoas se sentiram nessas situações; ser receptivo ás emoções e comportamentos das crianças e validar o sentimento delas; ser um modelo a ser seguido nessas circunstâncias emocionais e sociais; se ocupar de fazer perguntas abertas à criança, como “O que você faria?”, isso ajuda na criação da habilidade de resolução de problemas; jogar é divertido e importante para ensinar habilidades como “troca de turno” (minha vez, sua vez), ensinar escolhas (com qual jogo a criança quer brincar), ensinar que nem sempre ganhamos, o ganhar e o perder geram emoções; ter um tempo de qualidade junto com a criança, jogando ou usando, com supervisão, as telas, lembrando que essa prática de uso de telas não é recomendada até os 18 meses; fazer perguntas e abrir o diálogo quando a criança manifestar sentimentos (por que está chateada ou feliz); oferecer escolhas para demandas cotidianas (O que você quer fazer primeiro? Banho ou jantar?) , cria oportunidades de respeito e diálogo.

Esse ambiente familiar é o início de tudo e fará com que a criança se sinta capaz de alcançar objetivos que estabeleceu para a sua vida, gerenciar comportamentos e emoções de forma construtiva, ela será capaz de confiar em si mesma e nos outros responsáveis , esse equilíbrio gera satisfação e gera habilidades socioemocionais como as destacadas no quadro.

O crescimento socioemocional leva tempo e ao longo de nossas vidas ele vai acontecendo de acordo com as experiências vividas vamos sendo moldados, isso inclui conhecer novas pessoas, superar momentos difíceis.

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Sobre o(a) autor(a)
Sandra Paro

Sandra Paro

Sandra Paro é mãe, professora, estudiosa, idealizadora da ABA+, analista do comportamento, consultora de recursos terapêuticos, corajosa, disciplinada e ensaísta para o ABA+
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