Por Sandra Paro
Crianças autistas podem se comportar de maneira a sobrecarregar a família e uma família consumida por esses comportamentos pode não enxergar exatamente a resposta ao comportamento.
São muitos os comportamentos relatados por familiares que podem ser corriqueiros no ambiente familiar e que, muitas vezes, merecem orientação de um profissional para que a família possa intervir no momento em que o comportamento ocorre e modificar de forma correta esse comportamento.
Uma das questões pelas quais a ciência ABA é recomendada para o tratamento de crianças no espectro é que a mesma funciona por que é intensiva, a pesquisadora Marta Hubner menciona que “na área do TEA, a ABA é a terapia comportamental que funciona porque é intensiva, sistemática e ensina habilidades. O autismo não é curável, mas é educável”. Assim sendo, ABA tornou-se a “queridinha” dos especialistas e recebe destaque considerável pela Organização Mundial de Saúde, Ministério da Saúde do Brasil ; não só por isso, mas também por ter sua eficácia comprovada, diferentemente de outras aplicadas no campo.
Os profissionais capacitados em ABA, recebem treinamento e são capacitados para interferir no momento em que comportamentos desafiadores ocorrem, mas não é o tempo todo que a sua criança está com o profissional e pode ser que exatamente quando ela não está, que esses comportamentos ocorram. O que os pais devem fazer?
Os comportamentos desafiadores podem ser repetitivos, ou uma perda completa de controle sobre um comportamento: os chamados colapsos, ou vistos por leigos como “birras”, mas esses não são os únicos, algumas crianças autistas podem ser física ou verbalmente agressivas, daí é quando o comportamento pode ser prejudicial para si ou para outras pessoas. Apesar de considerarmos o fato de que as crianças autistas são diferentes, alguns comportamentos descritos aqui podem ser identificados por muitos pais. A questão é: por que esses comportamentos acontecem?
A comunicação precária ou a total falta dela é uma das dificuldades que podem afetar o comportamento, mas uma peculiaridade (que sempre deve ser observada e relatada pelos pais) pode ser a alavanca de um ou mais comportamentos que poderão (se não forem controlados adequadamente) escalar (aumentar de intensidade ou frequência), são eles:
– ser sensível a coisas como luzes brilhantes ou barulhos altos;
– ansiedade, em especial com as mudanças de rotina;
– não entender o que está acontecendo ao seu redor;
– sentir-se desconfortável ou com dor.
Geralmente são comportamentos que devem ser identificados e que não são culpa de sua criança.
O comportamento autoestimulante “Stimming” é um tipo de comportamento repetitivo. Inclue: balançar, pular, girar, bater a cabeça, repetir palavras ou sons, ficar olhando para luzes ou objetos girando. Geralmente, é um comportamento inofensivo.
Já os colapsos são geralmente causados por uma perda completa de controle, quando as crianças estão sobrecarregadas. A principal indicação é manter a criança segura durante essa ocorrência. Nem sempre é possível evitar colapsos, mas podemos tentar preveni-los ou controlá-los.
Quando há estímulos demais em um ambiente, os colapsos podem ocorrer, nesses casos eliminamos luzes brilhantes do ambiente, deixamos, quando a criança gosta e permite, fones de ouvido com música relaxante e, principalmente, planejamos com antecedência qualquer mudança na rotina.
Quando os pais, a família, ainda estão aprendendo, é muito útil manter um diário registrando os principais acontecimentos e ver se é possível detectar algum gatilho de colapso. É uma boa maneira de conhecer melhor a sua criança e de prevenir esses comportamentos.
Se, sozinho, você não conseguir identificar o gatilho, peça ajuda ao psicólogo comportamental da sua criança, fale com a equipe que atende o seu filho, a comunicação com os profissionais pode ajudar muito, eles poderão orientá-lo como agir na próxima oportunidade, treinado, você terá como agir antes que esses comportamentos desafiadores ocorram.