A escrita é uma habilidade complexa que requer o recrutamento simultâneo de habilidades motoras, linguísticas, cognitivas e sociais. Além de dificuldades de comunicação social e comportamentos restritivos e repetitivos o domínio da escrita também aparece como desafio para vários indivíduos com autismo: na linguagem estrutural (gramática), na cognição social – tomada de perspectiva como aponta o texto de Baron- Cohen S. (2000):
Dificuldade em entender outras mentes é uma característica cognitiva central das condições do espectro do autismo. Descobriu-se que crianças normais de 3 a 4 anos já sabem que o cérebro tem um conjunto de funções mentais, como sonhar, querer, pensar e guardar segredos. Em contraste, as crianças com autismo parecem saber sobre as funções físicas, mas normalmente não mencionam qualquer função mental do cérebro. Crianças com autismo, quando estudadas em condições experimentais, demonstraram ter dificuldades tanto na produção do engano quanto na compreensão quando alguém as está enganando.[1]
Os atrasos de linguagem, a ausência completa de comunicação, conhecimento linguístico inadequado, prejuízos na construção do discurso em crianças com autismo são déficits conhecidos dos pesquisadores sobre o transtorno, mas pouco se fala sobre as dificuldades de planejamento e produção de enunciados complexos que são necessários no ato da conversação e também da escrita. Esses requerem uma integração de conteúdos fonológicos, morfossintáticos, semânticos e discursivos.
As dificuldades são: em nível da frase e texto, começar e manter-se na tarefa de escrever até o final, respeitar a estrutura com início meio e fim e o fato da teoria da mente estar relacionada à diversidade sintática e à qualidade da escrita foram os resultados apontados no estudo de Hilvert et al(2019).
As famílias e as escolas muitas vezes ignoram tais dificuldades e seguimos de acordo que escrever bem e de modo legível é importante para o progresso acadêmico, para o desenvolvimento social, comunicativo e para a construção da autoestima.