23 de junho de 2021

ROTINA CRIA HÁBITOS E HÁBITOS CRIAM GENTE

Rotina é uma situação que, infelizmente, é coroada por uma percepção do senso comum como algo chato, fatigante e que traz monotonia e uma vida sem graça. É pertinente repensar essa percepção.

Aos pais que têm filhos em desenvolvimento, com comportamentos atípicos ou não é importante um olhar mais atencioso à rotina pois essa pode passar de marasmo à aliada facilmente. É preciso romper com padrões de que rotina faz alguém se tornar mecanizado, obediente que não pensa. Não mesmo! Quando pensamos em criança e até mesmo em adolescente pensamos em um ser em formação e para que se ofereça um mínimo de conforto e estabilidade para que esse processo transcorra de forma mais tranquila e adequada, a rotina é um recurso, um estilo de vida que pode contribuir muito positivamente.
Criança precisa de rotina! Rotina traz segurança, senso de responsabilidade, além de estimular a autonomia.

Rotina cria hábitos e hábitos criam gente!
E como construímos hábitos? A partir de práticas que se repetem cotidianamente na nossa rotina até que internalizamos a situação e a fazemos sem que haja necessidade de comando, de orientação. A rotina e os hábitos provenientes dela trazem segurança à criança que tem a impressão de domínio de sua existência social e vão, ao longo do processo, se bem construídos, formando a responsabilidade como ser que existe e que atinge a si e ao seu grupo com suas práticas. A autonomia acontece, pois o sujeito percebe-se capaz, potente e assim, ele toma posse de si mesmo.

Na prática, uma criança que acorda e escova os dentes, tira o pijama e coloca outra roupa, penteia o cabelo, toma café da manhã, tem as refeições distribuídas em horários e composições adequadas, cumpre o horário de chegar à escola, usa uniforme para ir à escola, toma banho todo dia nos horários adequados às atividades, tem o momento de fazer as atividades escolares com espaço determinado para isso, uma criança que tem o momento do brincar, de assistir à tv, o momento do tablet, dos vídeos, dos eletrônicos (Isso mesmo. Eles não podem ser mais vistos como vilões, eles existem, fazem parte do mundo e da nossa vida o que não pode é o uso descontrolado tanto de tempo quanto de conteúdo), uma criança que tem horário para dormir, rotina de sono, essa criança não tem tendência a ser um robô e sim uma forte possibilidade de ser uma criança e, consequentemente uma pessoa organizada e segura e autônoma e responsável.

É organizada pois cresce conseguindo estabelecer tarefas e cumpri-las, manusear o tempo; é segura pois tem o domínio de suas práticas; é autônoma pois se acostuma a fazer e descobre-se fazendo sem que ninguém determine; é responsável pois assume a tarefa e percebe a importância de executá-la.
De novo! É pertinente repensarmos o senso comum de rotina ligada a uma vida sem graça, monótona e invariável.

No entanto, é necessária uma séria observação. Quando falamos de rotina e que rotina cria hábitos e hábitos cria gente, é importante pensar que precisamos estabelecer uma relação muito íntima entre rotina como o fazer cotidianamente e o tipo de práticas que se tem. Aqui, os cuidadores, os pais precisam entender que as práticas cotidianas precisam ser estabelecidas a partir de escolhas coerentes, opções saudáveis, morais, adequadas a cada idade. É preciso estabelecer rotina a partir de percepções pediátricas, pedagógicas, sociais que tenham como base o estudo do desenvolvimento infantil adequado e equilibrado. E o adequado não parece ser flexível quando tratamos de pessoas honestas, trabalhadoras, seguras, higiênicas, organizadas, que sabem cumprir regras, que se cuidam e cuidam do ambiente em que vivem.

Rotinas estabelecidas, hábitos construídos, temos um indivíduo com identidade que o define no mundo em que ele vive. Essas características, sem dúvida, vão oferecer a ele mecanismos de transitar melhor ou com mais dificuldades no mundo que, gostando ou não, tem lá suas exigências.
E a nós, adultos serve uma reflexão: usufruindo de nossa plasticidade cerebral que nos garante oportunidade de aprender e ressignificar enquanto estivermos vivos, talvez seja oportuno rever, alterar, executar rotinas em busca de hábitos mais saudáveis e produtivos para vivermos melhor nesse mundo que criamos.

 
Mariza Domingues
Mãe e professora de nascença e psicopedagoga por consequência.

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2 Comentários

  1. Os pais precisam se dedicar mais à criação de seus filhos, de ensinar o certo e o errado, repassar valores. Esse texto é excelente, a rotina é ótima alifada nesse processo tão importante. Parabéns Marisa!

  2. Os pais precisam se dedicar mais à criação de seus filhos, de ensinar o certo e o errado, repassar valores. Esse texto é excelente, a rotina é ótima aliada nesse processo tão importante. Parabéns Marisa!

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Sobre o(a) autor(a)
Mariza Domingues

Mariza Domingues

Mariza Domingues é mulher, filha, mãe, professora empenhada na proposta educacional contemporânea, educadora LIV, Psicopedadoga em formação, uma pessoa incrível e ensaísta para o ABA+ ! É muita inteligência Afetiva!
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