4 de maio de 2020

Práticas saudáveis, atividades físicas e autismo

Sabemos que a atividade física é fundamental para adquirirmos um hábito de vida saudável, para termos imunidade e desenvolvermos habilidades. No autismo isso não é tão diferente, a necessidade de atividade física para crianças e jovens no espectro é essencial, sobretudo se esses comportamentos já iniciarem na infância, podem trazer grandes benefícios.

Muitas famílias vivem um estilo de vida sedentário, com poucas oportunidades de participar de atividades que promovam o condicionamento físico, além de hábitos alimentares que podem prejudicar a saúde. Em famílias onde temos indivíduos com autismo, isso pode se tornar um grande risco à saúde da pessoa no TEA.

Segundo Dra. Éricka Wodka, estudos apontam que “crianças e adultos com autismo correm risco de ter um estilo de vida inativo e obesidade”.  É comum pessoas no TEA enfrentarem desafios únicos à aptidão física, considerando os problemas de socialização, comunicação e comportamentais, além dos aspectos sensoriais que podem dificultar a participação numa atividade física, jogo ou brincadeira.

Crianças com autismo também podem enfrentar problemas com habilidades motoras (musculares), que incluem equilíbrio e coordenação. Alguns atrasos motores são reconhecidos pelos pais antes mesmo dos atrasos na comunicação e habilidades sociais.

Nos estudos realizados pela Dra. Éricka L. Woldka (2018) crianças com autismo tiveram a pontuação mais baixa em atividades que envolviam equilíbrio e pegar uma bola.  As habilidades motoras, além da observação, envolvem planejamento (a criança deve saber o que quer que o corpo faça e coordenar seus movimentos para realizá-lo).

A brincadeira pode ser caótica para uma criança com autismo, já que é aleatória. Os jogos apresentam regras complexas que por vezes não são compreendidas. Dificuldade de interagir com muitas crianças de uma só vez ,falta de contato visual (é preciso observar para aprender), e se o atleta não consegue ficar parado, em pé nos marcadores, a atividade pode se tornar muito frustrante para a criança no espectro.
As atividades propostas devem ser apropriadas ao nível de habilidades de cada indivíduo, é necessário identificar as áreas de necessidade da criança e abordá-las de maneira adaptável.

Os comportamentos da prática de atividades físicas devem ser adquiridos ainda na infância, pois, do contrário, há um risco de ocorrerem desequilíbrios musculares, tônus baixo e falta de iniciativa para se envolver em atividades que exigem movimento ou brincadeira livre.
A ideia é aumentar a tolerância da criança à atividade física, executar as atividades em várias etapas: pegar a bola; levantar a bola; arremessar a bola. Consideremos que essas atividades também devem ser generalizadas (as crianças deverão adquirir capacidade de executar essa habilidade específica em outras situações).

Ao combinar exercícios físicos com reforço (atividades divertidas) o treinador pode manter a criança atenta e conseguir ganhos na realização das tarefas.
Criar uma rotina que contemple exercícios físicos, dividir atividades motoras complexas em tarefas (passo a passo), modificar o ensino, o equipamento ou o ambiente para auxiliar a criança.

Os profissionais especializados são capazes de atender às necessidades das crianças com autismo: o educador físico, a terapeuta ocupacional ou até a fisioterapeuta podem criar programas que contribuirão para o funcionamento ideal da criança em várias áreas.
As crianças devem ser incentivadas a serem fisicamente ativas, mesmo que não desejem fazer parte de uma equipe, ou praticar esportes coletivos. O importante é desenvolver, manter e aprimorar habilidades de movimento.

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