11 de dezembro de 2019

Por que eles não podem voar?

Por Cris Alves

O filme Float, feito por Bobby Rubio, animador da Pixar, tem circulado por um aplicativo de celular e comovido a todos. A trajetória do pai para aceitar um traço individual do filho é contada em menos de seis minutos e vale ser vista e revista.

O filme começa com pai e filho tomados pelo prazer de estarem juntos. Não é nada difícil se identificar ou se encantar com a ligação que há entre eles, mas como qualquer relação humana de amor, por mais nobre e verdadeira que seja, pode ser afetada por crenças adquiridas ao longo da vida. Isso fica evidente quando o pai se depara com vizinhos, todos com filhos que agem tipicamente. Surge então um pai empenhado em disfarçar (aqui certamente cabem outros termos) a particularidade do filho.

O homem de olhar afetuoso mostra-se impositivo, preocupado apenas em normalizar a criança e para isso a mantem em casa e quando saem, coloca pesos na mochila acreditando ser possível dominar a essência do garoto. Felizmente, em uma dessas saídas, os dois se entendem. Isso em uma praça cheia de olhares e julgamentos.

A atitude do pai de impor ao garoto um padrão inalcançável de comportamento, não é correta, não é ética, é desumana e pouco produtiva. O que é muito bem tratado no filme. Ambos perdem em convivência, o pai sofre por deixar-se contaminar por modelos reduzidos de comportamento e o filho por ser privado de experiências e aprendizados que toda criança deve ter.

Float mostra a todos que filhos são o que são e ponto. Eles não precisam atender a idealização dos pais e estes, em vez de frustrarem-se com a criatura desafiadora que receberam, devem tomar para si o desafio de ensinar, de aprender e de conviver, tendo como base o amor e buscando a coerência entre o sentir e o agir. É isso que deve mover a relação entre pais e filhos.

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2 Comentários

  1. Aceitar quem os filhos são e permiti-los ser é um processo de aceitação de si mesmos. É liberdade a nós, pais, que também nos esforçamos tanto para nos encaixar no modelo presente/afetivo/compreensivos/maduros/informados = perfeitos. Assumir o filho, com suas diferenças, seu acerto e falha, é assumir-se. Obrigada pelo texto.

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Sobre o(a) autor(a)
Cris Alves

Cris Alves

Cris Alves é filha, mãe, professora encantadora de pequenos escritores, indignada, empenhada, multifacetada e articulista para o ABA+ É muita inteligência afetiva!
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