8 de agosto de 2020

O Envolvimento dos pais no tratamento dos filhos

Por Sandra Paro

São muitos os pais, os solteiros, os casados, os jovens, os com idade mais avançada, os presentes, os ausentes, os biológicos, os adotivos e também os pais de crianças de crianças com desenvolvimento atípico. Autismo, Síndrome de Down e outros tipos de deficiência.

Muito se ouve falar das mães como as principais apoiadoras no tratamento da criança autista, os pais nem sempre são mencionados, ou são menos conscientes das suas necessidades de apoio. Isso é lamentável, porque pesquisas nos últimos 30 anos descobriram o envolvimento positivo do pai, o que leva a outro fator muito interessante: os benefícios educacionais e psicológicos dessa participação de ambos (pai e mãe) para as crianças.

Estamos falando da pesquisa realizada pela professora Carol Potter, publicada no Journal of Intellectual and Developmental Disability. “O estudo investigou o envolvimento do pai no cuidado, na brincadeira e na educação de seus filhos com autismo, descobrindo que muitos homens estavam envolvidos nessas áreas (…) Metade dos pais era responsável, principalmente ou igualmente, pelas rotinas diárias de cuidados dos filhos, inclusive pela manhã e na hora de dormir (…) o número maior de pais passou o tempo envolvido em brincadeiras do que em qualquer outra atividade, embora pouco menos da metade não tenha recebido treinamento relevante nessa área-chave. Três quartos dos homens brincavam ou passavam momentos de lazer com os filhos todos os dias ou várias vezes por semana.

O estudo ainda revelou que muitos pais tiveram um papel significativo na educação e aprendizado dos filhos, 40% deles ajudando na lição de casa e participando das reuniões escolares. Quanto à contribuição financeira para a vida familiar os dados foram 85% dos homens em trabalho remunerado e um detalhe muito importante foi que ao ser perguntado aos pais se ter uma criança com autismo afetou de alguma maneira a sua rotina de trabalho, o resultado foi: quase metade dos entrevistados mudaram seu padrão de trabalho. As principais mudanças foram para: trabalho de meio período, por turnos ou autônomo).
Isso nos dá uma clara ideia de que nosso julgamento social sobre a figura paterna pode estar comprometido por provavelmente algum clichê… uma repetição de uma ideia de que os papais não participam. As evidências não mentem.

De fato, eles também devem experimentar o estresse diário e ter preocupações acerca do futuro, a falta de folga no gerenciamento do comportamento da criança ou até desespero em casos em que eles não sabem o que devem fazer exatamente.

O que aprendemos com essa pesquisa? Tentar não julgar os pais e a importância do papel deles na criação e envolvimento no tratamento de seus filhos. Além disso aprender com os profissionais pode ser bom para as famílias. Profissionais Analistas do comportamento precisam  promover um treino parental para ensinar pais e mães na intervenção diária.

Então, para todos os pais, um feliz e completo dia dos pais e que o empenho de vocês não seja negligenciado!

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Sobre o(a) autor(a)
Sandra Paro

Sandra Paro

Sandra Paro é mãe, professora, estudiosa, idealizadora da ABA+, analista do comportamento, consultora de recursos terapêuticos, corajosa, disciplinada e ensaísta para o ABA+
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