Por Cris Alves
Estamos em plena pandemia e parte da população segue disposta a viver adequadamente este período, o que inclui manter-se saudável física e emocionalmente. São muitas as preocupações e necessidades, algumas perfeitamente adiáveis e outras não. São adiáveis as que geram ansiedade, frustração ou gastos. Já as urgentes estão relacionadas aos fragilizados socialmente, como as crianças.
Por causa da Covid19, qualquer atividade de interação e contato direto foi interrompida, as aulas remotas permitiram alguns e obrigaram outros pais e mães a participarem da parte do processo, que antes pertencia à escola. Esses devem contribuir para que o momento seja produtivo, organizando o espaço, viabilizando as atividades, esclarecendo as dúvidas. Isso sem tirar a autonomia da criança e sem desrespeitar a relação dela com o professor.
A festinha de aniversário antes prometida ou já organizada, teve que ser adiada. Acredite, seu filho ou filha pode passar por essa frustração, e ainda aprender sobre os benefícios da espera e também de que há formas mais simples de comemorar. Tudo isso e ainda a oportunidade de mostrar que o que se faz ou deixa de fazer, tem consequência direta na vida das pessoas que amamos e também daquelas que mal conhecemos. E também é por isso que elas precisam ficar afastadas dos avós e dos colegas de sala. Não duvide da capacidade de compreensão e adaptação de uma criança, por isso conduza bem a situação, o que requer preparo, atenção e, por que não, humildade.
Outra questão importante é como lidar com os números e relatos assustadores da doença. O que fazer diante de uma abordagem infantil sobre a morte? Assim como as outras, a situação exige verdade e apesar de que neste caso tanto a maturidade quanto a imaturidade da criança devem ser consideradas. Explique o que ela é capaz de entender e sem estender às concepções religiosas e às teorias conspiratórias, elas podem aumentar o medo e a insegurança. E se não estiver preparado para tratar do assunto, há profissionais qualificados para isso. Vá à procura deles.
O período não está propenso somente a questionamentos desconcertantes, as crianças estão mais irritadas e frases como “Eu quero” e “Tem que ser agora” estão mais frequentes e ficarão mais ainda se não dermos a elas instrumentos para viver esse isolamento. Tire vantagem da nova rotina, se não faziam atividades em grupo, agora, podem fazer. Se a criança não ajudava nas tarefas domésticas, agora pode ajudar. Se você não sabia como ela se comportava na escola, agora você sabe. Assim, juntamente com a descoberta de que o mundo não é perfeito, pode vir a certeza de que é muito amada e de que as habilidades exibidas por pais e mães têm deixado tudo menos angustiante e mais encorajador.