por Cris Alves
A TV Globo exibiu em outubro a série Sob Pressão – Covid, que narra a rotina dos médicos vividos por Marjorie Estiano e Júlio Andrade, assistindo aos episódios, percebe-se claramente a intenção da emissora em homenagear os profissionais envolvidos no combate à doença. No entanto, as cenas movimentadas e os diálogos cheios de questionamentos, transformaram a homenagem em um importante documento sobre a calamidade que expôs tanto as mazelas sociais como as motivações de médicos, enfermeiros e outros profissionais da área.
Exaltá-los é justo e para isso, basta recordar os enfrentamentos do começo da pandemia, muito maiores do que observadores temerosos, incrédulos ou descuidados pudessem imaginar. O que fazer diante de uma doença altamente contagiosa, decorrente de um vírus desconhecido, que responde lentamente a medicamentos e que em determinados grupos é ainda mais cruel? Descobriram tanto e ainda tiveram que aprender ou aceitar que não se tem o controle de tudo, mas que sempre há algo mais a se fazer.
Assim fizeram. Geriram equipamentos escassos, resistiram aos interesses políticos, enfrentaram líderes insanos, disseminaram informações, acolheram parentes. Além de abdicarem do convívio social, de sobreviverem ao vírus ou a dor e frustração de verem colegas, amigos e familiares partirem. Por isso, reverenciá-los, é encantar-se com um ser humano cuidando de outro ser humano e isso não se faz apenas com estudo e experiência, mas também com ternura e compaixão. Desse modo, o nosso reconhecimento a esses profissionais fala muito mais de nós do que deles, que de fato tornaram-se exemplos de luta, superação e esperança e devem servir de modelo e de inspiração.
Voltando à ficção, a série finaliza com uma fala do médico Evandro, após recuperar-se da doença. “Eu sei que ser profissional de saúde neste momento, está muito difícil. Todos estão exaustos, mas quem trabalha aqui dentro, entende a vida de outra maneira, a gente precisa defender a saúde pública e acreditar na ciência, só assim teremos um mundo mais justo e um país mais humano. Bora trabalhar, gente!” Então que essa reflexão reverbere na realidade, que o convite ao trabalho honesto e esperançoso chegue a todos, que a luta contra líderes omissos e equivocados não seja em vão, que todo profissional tenha seu valor reconhecido e que qualquer injustiça seja tratada como tal. Vamos trabalhar sim.
Cris Alves é filha, mãe, professora encantadora de pequenos escritores, indignada, empenhada, multifacetada e articulista para o ABA+ É muita inteligência afetiva!
1 comentário
Excelente texto! Muito bem explicado com respostas e argumentos convincentes.