27 de fevereiro de 2020

Do que somos feitos

Por Cris Alves

Continuamos nossa busca por relatos motivadores de leitores e seus livros e eis que nos deparamos com o de Christiane Mamede, profissionalque lida com pessoas e números.

“Para falar da minha relação com a leitura e com os livros, preciso falar da minha adolescência. Eu era muito retraída, eu era segura, mas dentro do meu grupo, eu não era de sair e por isso as experiências em família foram muito importantes. Meu pai era leitor e também apreciava música clássica e romântica, então meu contato com a arte era diferente da época, eu ouvia o que quase nenhum adolescente ouvia e obviamente lia o que quase ninguém lia. Meu pai tinha a coleção completa de MalbaTahan, eu adorava a obra dele, a ponto de pedi-la ao meu pai como uma herança em vida.

Eu li dezoitos livros que me encantaram porque me permitiram conhecer outra cultura, observar como eles pensavam e como as mulheres se posicionavam. Assim nasceu meu amor pela leitura, até que chegou a vez de O Homem que calculava, que me apresentou mais da cultura que eu admirava, e também me mostrou a matemática no cotidiano. Descobri a existência de um pensamento matemático, o que depois virou minha inquietação como professora.

Então Malba Tahan tem dois significados, o primeiro pela cultura, por me transportar para aqueles lugares e segundo pela matemática em si. Foi por intermédio dele que os números entraram na minha vida. Entãoele diz muito sobre a adolescente que eu fui e sobre a minha formação profissional, ele influenciou minhas escolhas e eu só percebi isso muitos anos depois, quando eu pedi a coleção pro meu pai”.

A intenção do relato era mostrar uma experiência real de leitura, mas foi muito mais que isso. Foi sim um comovente testemunho de como um pai se fez presente na vida de uma filha e de como isso foi importantepara ela. A convivência e o exemplo paternos foram decisivos para a adolescente tímida e para a mulher que ela se tornou.  Então lembremos disso sempre. O tempo dedicado e a qualidade do que oferecemos as nossas crianças contribuirão para o modo como elas se relacionarão com o mundo e também para o tipo de escolhas que elas farão.

E daqui fico imaginando a alegria do pai ao entregar tão nobre herança à filha: o conhecimento, o afeto e o jeito de olhar o mundo.

E para não fugir do propósito inicial, algumas obras de Malba Tahan:

1. O homem que calculava.
2. Matemática divertida e curiosa.
3. Salim o mágico.
4. Lendas do deserto.
5. A caixa do futuro.

É só começar.

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Sobre o(a) autor(a)
Cris Alves

Cris Alves

Cris Alves é filha, mãe, professora encantadora de pequenos escritores, indignada, empenhada, multifacetada e articulista para o ABA+ É muita inteligência afetiva!
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