A Dra. Aline Veloso, ginecologista com vasta experiência em saúde da mulher e educadora ativa em redes sociais, tem sido uma voz importante em temas relacionados à saúde mental e educação sexual. Em uma recente conversa no Podcast Conexões + Afetivas, ela abordou questões cruciais sobre a prevenção do suicídio em crianças e adolescentes, além da importância de uma educação sexual clara e acolhedora. Os principais pontos discutidos promovem reflexões e trazem orientações para pais, educadores e profissionais de saúde.

Os Desafios da Saúde Mental Infantil e Juvenil

A adolescência é uma fase de intensas mudanças físicas, emocionais e cognitivas. Uma das características mais marcantes desse período é a impulsividade, resultado do desenvolvimento ainda incompleto do córtex pré-frontal — a região do cérebro responsável pelo controle dos impulsos. Como destacou a Dra. Aline, essa vulnerabilidade pode aumentar o risco de comportamentos autodestrutivos, incluindo ideação suicida.

Sinais de Alerta:

• Mudanças bruscas no comportamento;
• Isolamento social;
• Desinteresse por atividades antes prazerosas;
• Declínio no desempenho escolar;
• Expressões de desesperança e desamparo.

O Papel da Família e da Sociedade:

Identificar esses sinais precocemente é essencial. Em famílias com histórico de transtornos mentais, como depressão ou ansiedade, a atenção deve ser redobrada. “A saúde mental é sempre biopsicossocial”, ressalta a Dra. Aline, enfatizando a importância de um ambiente familiar acolhedor e de suporte contínuo.

A Importância do Acolhimento

Quando um jovem expressa sofrimento, a resposta deve ser de acolhimento, e não de minimização. Evite frases como “não pense nisso” ou “sua vida é tão boa”. Em vez disso:

• Ouça com empatia.
• Valide os sentimentos.
• Sugira buscar ajuda profissional.

“Uma conversa pode salvar vidas”, destaca a ginecologista. O acolhimento inicial pode fazer a diferença, impedindo que o jovem se sinta sozinho ou incompreendido. Serviços como o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferecem suporte imediato e são ferramentas valiosas nesse processo.

Educação Sexual: Proteção e Desenvolvimento Saudável

A Dra. Aline também enfatiza a importância de uma educação sexual clara e adaptada à idade da criança. Conversar abertamente sobre o corpo, limites e respeito é fundamental para prevenir abusos e promover uma relação saudável com a própria sexualidade.

Dicas para Pais e Educadores:

• Utilize linguagem adequada à faixa etária. Termos como “pepeca” e “pipiu” são aceitáveis na infância, mas devem evoluir para termos anatômicos, como “vulva” e “pênis”, à medida que a criança cresce.
• Deixe claro que o corpo é um espaço pessoal. Ninguém, nem mesmo conhecidos ou familiares, tem o direito de invadi-lo sem consentimento.
• Normalize o diálogo sobre sexualidade. Falar abertamente reduz o estigma e prepara a criança para lidar com situações difíceis.

Prevenção de Abusos – discutindo a vulnerabilidade:

Crianças devem entender que têm o direito de dizer “não” e buscar ajuda se se sentirem desconfortáveis. Em casos de transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo, o diálogo deve ser ainda mais claro e adaptado às necessidades específicas de cada criança.

Para refletir:

A saúde mental e a educação sexual são temas complexos, mas fundamentais para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Como destacou a Dra. Aline Veloso, o acolhimento e a informação são as melhores ferramentas para enfrentar esses desafios. Em um mundo onde o estigma ainda persiste, criar espaços de diálogo e compreensão pode salvar vidas e construir futuros mais saudáveis.