12 de janeiro de 2021

Encolha o ódio! Escolha o AMOR!

Por Mariza Domingues

Criança é especial. Todas são. Sim. Criança é gente, é ser especial, singular, único. E não há medidor que seja usado para se referir às crianças tentando criar superioridades ou inferioridades entre elas que possamos interpretar como justo, coerente e adequado. É ser especial e pronto. Cada uma com seu “jeitinho” único se assemelha a todas as outras na importância.

Quando me deparo com segregações construídas a partir da singularidade de cada criança, me dá uma tristeza. Quando ainda vemos a sociedade olhar para crianças com necessidades especiais, com aparência física diferente, com aprendizado diferenciado, com habilidades alteradas por questão biológica, ambiental, genética ou psicológica de forma excludente é desumano, é imoral, é não ter amor ao próximo. E é inaceitável!

Recusar, rejeitar, afastar, separar as crianças com condições especiais não é uma possibilidade. E, pensar em tirar delas a opção de interagir com outras crianças, outras pessoas e com o próprio mundo é muita pretensão de achar-se tão superior e exclusivo no mundo. Pois não é! O mundo é de todos, é diversificado, é múltiplo, complexo, é coletivo, é conjunto e não há outra opção. É o que é.

Quantas histórias e lutas ilustram a busca pelo respeito às crianças com algum tipo de situação específica, seja física, motora, psicológica, de aprendizagem ou qualquer outra. Não se pode negar essa condição de ser humano a uma criança. As crianças estão desprovidas de conceitos sociais que segregam, que diferenciam. Elas só querem viver, brincar, aprender, ser. E isso é direito.

Sempre penso nos pais quando o assunto é discriminação contra crianças com necessidades especiais, pois quando alguém decide ter filho e isso acontece, esse ser é sim a criatura mais importante do universo para nós pais e ainda mais: ela é nossa responsabilidade e parece piegas, mas o que a gente mais quer é que ela possa ser feliz, ser parte do mundo, apropriar-se do mundo, viver no mundo e sentir-se parte dele de forma segura e saudável. Ter um filho rejeitado pela sociedade parece ser dor latente, ferida aberta, chagas como as de Cristo sangrando inocentemente. É muito doloroso. Por mais que os pais possam ter construído uma consciência da importância de seu filho no mundo, dói, comove, irrita, entristece, fere.

Faça o exercício! Treine empatia! Coloque-se no lugar do outro! Sinta! Algumas situações surgem e nos comovem. Ouvir algo como “alunos com deficiência devem ser separados dos melhores”, “educação inclusiva nivela por baixo” é de um impacto desastroso e irresponsável vindo de alguém que é vorazmente ouvido e aceito através das mídias. É preciso ter cuidado com o que se fala já que não se tem cuidado com o que se sente. Nunca usaria aqui qualquer valor de juízo político. Sinceramente, seria menor, é menor do que falar de crianças livres, amadas, essenciais, importantes, especiais e IGUAIS.

A educação inclusiva é uma conquista! É um passo para uma sociedade que acomoda diferenças em vez de excluí-las! É ofertar aceitação em vez de acusação e recusa. A educação inclusiva ainda precisa de vencer duras batalhas, mas já conquista soldados. São tantos professores, coordenadores, diretores, pais que se mantinham na defensiva lá na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 dizendo que não estavam preparados para a educação inclusiva e que, hoje, descobriram que sempre estiveram prontos, pois não há nenhuma metodologia, teoria, treinamento que nos prepare mais do que o amor e o respeito. Esse tem sido o guia para a educação inclusiva daqueles que querem fazê-la com todos os anexos importantíssimos produzidos ao longo dos anos no plano da teoria, do pensamento científico, do estudo e observação. Não ignoremos isso.

Façamos a doçura do amor prevalecer no descompasso da realidade. Eu, nesse momento, uma vontade de esbravejar, gritar, repudiar e negar os que declaradamente se mostram contra crianças e famílias que, de tão especiais, me faz recuar nesse sentimento menor e dar preferência a convidá-los ao amor. Olhar para cada criança e cada pessoa que se dedica a cuidar dela e amá-las. Esses valem a pena!
Contemplemos o belo! Exaltemos os que amam e se dedicam ao bem! Vamos escolher o amor! E encolher o ódio.

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Sobre o(a) autor(a)
Mariza Domingues

Mariza Domingues

Mariza Domingues é mulher, filha, mãe, professora empenhada na proposta educacional contemporânea, educadora LIV, Psicopedadoga em formação, uma pessoa incrível e ensaísta para o ABA+ ! É muita inteligência Afetiva!
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