8 de maio de 2021

E AS MÃES…

E maio desponta e as mães aparecem protagonizando o mês e diversas emoções, conflitos, perdas, brilhos, luto, lutas, amores, broncas, amarguras e doçuras aparecem com mais intensidade e nos coloca – a nós que somos seres de reflexão – a pensar e contemplar as belezas e desafios da maternidade.

Em tempos tão difíceis, cruéis e de tantos desconcertos, a figura da mãe com todos os atributos que sabemos e reconhecemos fica mais intenso. A mãe que vive o luto da perda de tantos filhos que ignoraram aquilo que parece ser a lei natural da vida e foram embora antes dela, a mãe que sozinha chora no seu isolamento de proteção que mais parece um ato de abandono ao coração que ama, a mãe que incansavelmente ora pelos filhos pedindo proteção, amparo e cura, a mãe que trabalha dobrado para o sustento da família, a mãe que virou professora do filho no ensino on-line mesmo sem saber por onde começar, a mãe que teve tempo em casa e percebeu, enfim, comportamentos atípicos que precisam de orientação, a mãe que chora escondido de cansaço dos afazeres do dia e que se fortalece no amor para recomeçar no dia seguinte, a mãe que não sabe o que fazer quando tudo que tem que fazer é nada, pois ela não tem o poder de tudo e isso é esmagamento de alma já que contaram pra nós que não há nada que não possamos fazer para proteger nossos filhos , que somos a lei maior sobre todas as coisas quando o nosso objeto de amor está em apuros.

Aqui, nesse conflito dos superpoderes cabe uma outra reflexão – quem disse que a vida é uma engrenagem de reflexões, pensou bem. Tanto se fala da mãe como uma heroína invencível que tendemos a nos comportar assim. E, pasmem: tentamos sim nos enfiar, mesmo que desconfortavelmente, nesse molde sociocultural. E daí, tantas frustrações, tantos medos, tantas culpas e tensões corroem nossa vida materna. Vivemos uma situação cíclica muito comum que é perceber o erro e ignorarmos o comportamento atual para irmos ao outro extremo. O de que nem é preciso tanto cuidado e amor assim, pois senão, criaremos uns tiranos mal-educados e incapazes de qualquer tipo de independência. Vamos ao extremo de achar que a vida se encarregará de cuidar de tudo e que as crianças são autossuficientes e nem precisam de tanta atenção e zelo pois já vem dotadas de tanta inteligência que vão se construir sozinhas.
Ah que crueldade conosco! Nenhuma de nós conseguiremos nem ser tão puro amor e nem tão puro descaso – pelo menos é o que se espera, para que se amenizem, no equilíbrio, as tais das dores, frustrações e culpas…

Vimos, hoje, um movimento muito intenso de abandono da maternidade como algo exclusivamente lindo, prazeroso, comovente e envolvente para uma condição de situação penosa, de muita labuta, de exclusividade exaustiva, de dificuldade, de muito trabalho e dedicação.
Ora, ora! O que fizeram conosco ou o que fizemos conosco! Nos colocamos nos extremos de uma situação em que o extremo já está comprovadamente como caminho inadequado.

Numa tentativa de conceito equilibrado a maternidade é sim penosa, mas prazerosa. É sim de muita labuta, mas de muito aprendizado e evolução para a mãe que se dispõe a perceber-se numa situação propícia ao crescimento e evolução. É sim de exaustão e insistência, mas trabalho bem feito é, também nesse caso, garantia de muito menos ou nenhum trabalho futuro com grandes reparos ou defeitos. Garantia? Quem garante o quê? Viu a armadilha da obrigação de assumir que tudo vai ser perfeito e certo e exemplar.

Não há garantia! Quando se fala que o trabalho deve ser executado, feito, assumido é que, esse é o papel da mãe, do pai. Não há outra opção! E, talvez na incerteza do futuro, do resultado – como se filho fosse negócio, matemática! Oh palavra mal-usada! – Você tenha o consolo de que fez, se ocupou, se responsabilizou, se envolveu, se fez mãe em sua totalidade de amores e dissabores. E, assim, se constrói o perdão aos erros que acontecem com todas, assim, se constrói a cura para frustrações, assim, se constrói a libertação das culpas.

E assim, se alcança o equilíbrio que liberta, que orienta, que ameniza, que direciona, que dá perfeição ao imperfeito, que dá perdão ao pecador.
A questão é essa: ser mãe é, além de tudo que já se lista como obrigação, ainda é refletir o tempo todo em busca de erros transformando-os em aprendizados, é estar absolutamente atenta a cada movimento que deve ser ajustado, reajustado, promovido ou reprovado, é reconhecer naquele ser uma concessão divina para ser genial, fraterna, materna, divina e imaculada dentro do seu limite.

Assim, dia das mães, além de comemorações e “manifestações de apreço” à senhora diretora é dia de matutar sobre sua trajetória e construir, seja lá o que você precisar, para que se sentir bem, leve, comprometida, mas não abusada, envolvida e não exagerada, responsável, mas não dominadora, amorosa e não negligente… é dia de sentir-se mãe e receber sem nenhum impedimento o amor desse filho que, de tão boa mãe que tem, é tão bom filho como é.

Mariza Domingues
Professora e mãe de nascença.

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Sobre o(a) autor(a)
Mariza Domingues

Mariza Domingues

Mariza Domingues é mulher, filha, mãe, professora empenhada na proposta educacional contemporânea, educadora LIV, Psicopedadoga em formação, uma pessoa incrível e ensaísta para o ABA+ ! É muita inteligência Afetiva!
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